quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Deus e o diabo


              Deus e o diabo foi um espetáculo apresentado no ano de 2009, durante o período da Semana Santa. O grupo "Ói nóiz aqui" resolveu fazer um espetáculo que levasse o público a refletir sobre o verdadeiro sentido da data. Apesar do texto ser inspirado na história de Jó, o espetáculo  estava longe de ser uma apresentação tradicional. Ele buscava demonstrar que a dualidade entre bem e mal está nas coisas mais comuns de nosso dia a dia e que em grande parte das vezes, não conseguimos perceber.
Posso dizer que esse, foi o primeiro espetáculo com uma grande produção e com mais preparação que participei. 



               Durante a seleção do elenco e posteriormente a distribuição dos personagens, valorizei aquele que mais se distanciou do meu perfil, resultando na escolha do Diabo. Ser o senhor das trevas exigiu que eu me dedicasse muito mais do que estava acostumado, pois a personagem era muito complexa, possuía inúmeras personalidades, tais quais eu precisava evidenciar em cena, durante o espetáculo.
               No decorrer dos ensaios tive muita dificuldade, cogitou-se e até experimentou-se outro ator, mas eu enfrentei ainda com mais força o desafio e consegui chegar ao equilíbrio ideal, resultando num Diabo que apesar de ser apenas uma criatura, se dividia em várias. "Deus e o diabo" veio confrontar o mito de que o diabo tem que ser a criatura medonha e obviamente maléfica. Lúcifer, o anjo caído, era o representante da beleza e que encantava a todos com a sua lábia doce e persuasiva. Satanás altivo e tempestuoso e para finalizar, Belzebu, criatura feiosa, corcunda, manca, ou seja, o lado mais conhecido do diabo.



              Outras figuras comuns à sociedade, como padre, pastor e fiéis apareciam em cena fazendo esse elo entre fé e a falta de fé, o bem e o mal, a verdade e a hipocrisia. O hall dos celestiais possuía Deus como o maior representante, seguido por anjo Gabriel, Padre, Jó e seus amigos. Na galeria do mal, estava o Diabo como o líder supremo, acompanhado pelos charlatões que utilizam a fé como meio para enganar os seres humanos.
                  Após toda a dedicação, o resultado final não poderia te sido outro, um verdadeiro sucesso, rendendo elogios e grande repercussão entre os que prestigiaram. A inquietação - proposital - foi o carro chefe do espetáculo, mas as pessoas presentes conseguiram um ponto de acomodação. Criaram sua concepção diante da arte apresentada, superando a sensação de estranhamento, e cedeu lugar para a reflexão e admiração. Deus e o diabo foi um espetáculo marcante! 

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